Embora o consumo de bebidas alcoólicas tenha crescido 93,9% na pandemia, especialistas alertam para dificuldade de detectar abuso
Não é novidade que a pandemia teve efeitos diretos no abuso de substâncias. Só no caso do álcool, uma pesquisa da Organização Pan Americana de Saúde revelou que o consumo de bebidas alcoólicas cresceu 93,9% durante a pandemia.
Mas quando o consumo da bebida alcoólica deixa de ser normal e se torna preocupante? Segundo o psicólogo Yuri Busin, há uma dificuldade de perceber o comportamento de compulsão.
“O importante é perceber onde o álcool está tapando um buraco emocional”, explica Busin, que é mestre e doutor em neurociência do comportamento.
Os dados da Organização Pan Americana de Saúde confirmam a relação do álcool com questões de ordem psicológica: 52,8% dos entrevistados que exageraram na dose relataram ao menos um sintoma emocional como ansiedade, irritabilidade, medo e preocupação.
Já o geriatra Nathan Chetehr, que estuda o aumento do alcoolismo na população idosa durante a quarentena, chama a atenção para a frequência e aumento da dose.
“Na prática, as pessoas não sabem que estão abusando [do álcool] pois temos uma cultura de consumo maior. Isso em si já é considerado prejudicial. A pessoa que bebe três latinhas de cerveja todos os dias já está tendo um consumo alcoólico elevado.”
Veja, a seguir, os sinais de alerta vermelho indicados pelos especialistas:
- Consumo da bebida durante a realização de tarefas diárias
- Beber para aplacar sintomas emocionais como nervosismo, ansiedade e tristeza
- Tomar decisões de compra que tenham como referência o consumo de bebida alcoólica
- Planejar as reuniões sociais em torno da bebida
- Comprometimento nas relações familiares
- Quando o abuso da bebida começa a causar prejuízos financeiros
- Não reconhecer o excesso como um problema de abuso