O sertão pernambucano vive mais um capítulo de sua dolorosa saga de sofrimento e abandono. Após mais de 30 dias sem uma gota de chuva, os agricultores já decretam a perda total das primeiras safras de 2025. O que parecia ser um alívio com as chuvas de janeiro rapidamente se transformou em desilusão. A terra absorveu a umidade inicial, os trabalhadores se lançaram ao plantio cheios de esperança, mas a estiagem implacável veio para aniquilar qualquer chance de colheita. Hoje, o que se vê é o chão rachado, lavouras queimadas pelo sol e a certeza do prejuízo.
Diante desse cenário, o tão propagandeado programa Garantia-Safra, que deveria ser um amparo para o homem do campo, tornou-se um símbolo de descaso e burocracia cruel. Agricultores e prefeituras fazem sua parte, pagando as contribuições exigidas, mas quando chega o momento da compensação, a resposta das autoridades é sempre a mesma: “Não houve perda suficiente”. A avaliação, conduzida pelo próprio governo federal em parceria com o estado, ignora a dura realidade de quem luta para sobreviver no campo. Enquanto a política joga com números, famílias inteiras veem seu sustento escorrer pelo chão seco.
Nos anos anteriores, ainda era possível enfrentar os períodos de estiagem com certa resistência das lavouras. Mas em 2025, a história é diferente: as chuvas de janeiro não passaram de um engano cruel, e os agricultores agora encaram o colapso total. Em municípios como Santa Filomena, Dormentes, Afrânio, Ouricuri, Araripina, Trindade, Santa Cruz, entre tantos outros, a seca não se limita à perda da lavoura. A falta de água compromete a criação de animais e a própria subsistência humana.
O que falta para que as autoridades se mobilizem? Onde estão os prefeitos, os vereadores, os deputados estaduais e a governadora Raquel Lyra? Por que não pressionam o presidente Lula para que medidas emergenciais sejam tomadas? O homem do campo não pode continuar refém da indiferença dos governantes, assistindo de braços cruzados sua terra agonizar enquanto a promessa de políticas públicas se dissolve no ar seco do sertão.
É urgente que as vozes do campo sejam ouvidas. Que não esperem pelas manchetes de fome, êxodo rural e desespero para então fingirem preocupação. O sertanejo resiste, mas até quando?








