Tem coisa que a gente escuta e até custa a acreditar. Mas aconteceu, e foi bem aqui pertinho, em Araripina. Um trabalhador honesto, que vendia lanches pra garantir o sustento, teve sua cinquentinha apreendida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Revoltado, ele fez o que muitos gostariam, mas não têm coragem: tacou fogo na prancha cheia de motos apreendidas.
E sabe o que é pior? A reação dele não foi isolada. A população se sentiu representada. Porque, no fim das contas, todo mundo sabe como é difícil sobreviver nesse país onde as leis pesam mais para os pequenos. Enquanto uns andam de carrão totalmente irregular e saem impunes, o trabalhador que depende da sua motinha pra levar o pão pra casa é tratado como criminoso.
Falam em “regularização”, mas alguém já parou pra pensar que, muitas vezes, o sujeito não tem dinheiro nem pra comer, quanto mais pra pagar documento? Custaria a esses agentes encontrar solução mais humana, ao invés de tirar de quem já não tem?
Eu, que saio de casa às seis da manhã e muitas vezes volto só à meia-noite, sei bem o peso dessa luta diária. E me pergunto: precisava mesmo dessa abordagem tão agressiva? Uma cinquentinha usada para vender lanche era um perigo tão grande assim pra sociedade?
O fogo que esse trabalhador acendeu foi mais do que um ato de desespero. Foi um grito de revolta. Um grito que ecoa no peito de muita gente que já não aguenta mais tanta injustiça.