Por Danizete Siqueira de Lima
Qualquer leitor minimamente informado haverá de concordar conosco quando insistimos na mesma tecla de que o Brasil precisa, urgentemente, de uma reforma política que moralize as casas legislativas e dê um novo perfil aos nossos representantes, que são os verdadeiros responsáveis pelas criações e aprovações das leis que compõem a nossa Constituição, tão fragilizada e cheia de remendos.
Sempre que surgem os períodos eleitorais nos deparamos com cenas bizarras que circulam nas redes sociais, onde um sem número de candidatos totalmente despreparados tentam a todo custo ludibriar o eleitorado com discursos inflamados e promessas vãs que jamais serão cumpridas. Poucos sabem qual o seu verdadeiro papel mas, o pior é que uma grande maioria cai no conto do vigário e joga fora o seu maior trunfo, o voto.
Graças a Deus, por força da pandemia e decurso de prazo, em função da alteração do calendário eleitoral deste ano, fugimos um pouco dos guias eleitorais e das famosas propagandas televisivas, onde a zoada maior é feita por quem tem mais poder econômico. Ali vemos de tudo, menos seriedade e compromisso com as grandes causas.
Não há como abordar em uma só crônica os itens que consideramos carentes de reformas, tais como: limitação do número de partidos políticos, acabando com as siglas de aluguel; extinção do fundo partidário (um verdadeiro absurdo bancado pela sociedade); redução do número de cadeiras a começar pela esfera federal (deputados e senadores); maior rigor no registro das candidaturas e por aí vai…
Mas como não se pode fazer tudo do dia para a noite, já que foi instituído o voto obrigatório, inclusive para analfabetos – o que consideramos uma das maiores aberrações políticas – ajudaria (e muito) uma alteração na Constituição exigindo um mínimo de instrução dos concorrentes a cargos eletivos.
Não precisava ser uma prova de ingresso na faculdade mas, convenhamos, quem concorre a um cargo de vereador ou deputado, precisa e deve, pelo menos, ler e interpretar uma matéria que vai ser votada por ele. Como votar um projeto de lei sobre um assunto que você desconhece? Aí surgem os verdadeiros “Maria vai com as outras” e isso acaba numa zorra total.
Um bom começo seria uma prova de nível médio para testar o conhecimento dessa cambada e dar uma vassourada nos candidatos inaptos para a função pública. Não precisa somente saber ler e assinar o nome para dizer que é alfabetizado. Isso está superado e faz muito tempo. Hoje, até para ser gari você precisa passar por um teste, mesmo que não receba o salário de um vereador.
Outro dia, a equipe do CQC – Custe o Que Custar – quase nos mata de rir quando esteve no Congresso Nacional e saiu entrevistando deputados que acabavam de votar uma lei, sem saber que estavam incluindo uma garrafa de cachaça na cesta básica dos brasileiros. Não fosse no Brasil diríamos ser uma piada mas, em nossa república de bananas, esses absurdos ocorrem com a maior naturalidade.
Para vocês terem uma ideia de como estamos sendo representados, contou-me um amigo, funcionário público de uma cidade pernambucana (interior do estado), que o seu prefeito esbravejou numa reunião de comissionados para que orientassem os funcionários a terem mais cuidado com o que escreviam, posto que havia chegado até ele um pedido de material para uma escola do município onde a funcionária que assinava a requisição com a diretora tinha escrito a palavra BASSOURA com V. Pode um negócio desse? O que é que vocês acham, somos ou não somos o País da piada pronta?
Por hoje é só, aguardem a próxima …