Um vídeo do Pastor Jonas Felício Pimentel, líder da Igreja Evangélica Tabernáculo da Fé em Goiânia, se tornou viral nas redes sociais nesta semana, após ele afirmar durante um culto que, em alguns casos, crianças vítimas de abuso sexual podem ter participação e culpa nos crimes.
“Existem situações em que quando acontece um abuso de uma criança, a criança é também culpada, porque ela deu lugar. Crianças também têm culpa, têm participação, mas não todos os casos. Eu quero deixar isso bem claro”, disse o pastor.
As declarações de Pimentel geraram grande repercussão e repúdio de diversos setores da sociedade, incluindo entidades de proteção à criança e adolescentes, psicólogos e especialistas em abuso sexual.
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) se manifestou em nota oficial, repudiando as falas do pastor e afirmando que “a culpa pelo abuso sexual infantil jamais é da criança”. O órgão também ressaltou a importância da denúncia de casos de abuso e orientou sobre como proceder em casos de violência contra crianças e adolescentes.
Psicólogos e especialistas em abuso sexual também condenaram as falas de Pimentel, destacando que a culpa pelo abuso nunca é da vítima e que tais afirmações podem gerar ainda mais sofrimento e culpabilização para as crianças que já sofreram violência.
Acusações contra a Igreja
Vale ressaltar que a Igreja Tabernáculo da Fé, liderada por Jonas Felício Pimentel, já esteve envolvida em outras polêmicas no passado. Em 2021, o pastor Joaquim Gonçalves Silva, então com 85 anos e membro da mesma igreja, foi investigado por abuso sexual e importunação contra mulheres que frequentavam a igreja.
Charles Araújo comenta
A matéria em questão aborda uma declaração polêmica e perturbadora do pastor Jonas Felício Pimentel, que lidera a igreja evangélica Tabernáculo da Fé de Goiânia. A afirmação é uma visão profundamente equivocada e prejudicial.
Primeiramente, é importante ressaltar que a culpa em casos de abuso sexual recai inteiramente sobre o agressor. Crianças são incapazes de consentir com atos sexuais e, portanto, não podem ser responsabilizadas por esses crimes. A sugestão de que uma criança “deu lugar” para o abuso é uma tentativa de desviar a responsabilidade do agressor e colocá-la sobre a vítima, uma prática conhecida como vitimização secundária.
Além disso, a declaração do pastor Pimentel é preocupante porque pode perpetuar estigmas e mitos prejudiciais sobre o abuso sexual. Isso pode levar a uma maior desinformação e falta de compreensão sobre a natureza desses crimes, o que pode, por sua vez, impedir as vítimas de buscar ajuda e justiça.
É crucial que líderes religiosos e comunitários usem suas plataformas para educar e informar suas congregações sobre questões importantes como o abuso sexual. Eles têm a responsabilidade de promover a empatia, a compreensão e o respeito pelas vítimas de abuso sexual, em vez de perpetuar ideias prejudiciais e equivocadas.
Em suma, a declaração do pastor Pimentel é um lembrete perturbador de que ainda há muito trabalho a ser feito para combater a desinformação e o estigma em torno do abuso sexual. É imperativo que continuemos a educar a nós mesmos e aos outros sobre essas questões, a fim de apoiar as vítimas e prevenir futuros casos de abuso.