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“Deus não precisa me aceitar. Ele já me fez assim”, diz primeira pastora trans no Dia das Mães

“Deus não precisa me aceitar. Ele já me fez assim”, diz primeira pastora trans no Dia das Mães
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A pastora admite que viveu experiências difíceis no passado, até se encontrar na Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), a primeira inclusiva e afirmativa da história.

A reverenda Alexya Salvador está acostumada a quebrar barreiras. Ela se tornou a primeira pastora evangélica transgênero da América Latina e a primeira mulher trans a adotar uma criança no Brasil–chegou a ser citada por Buba (Gabriela Medeiros) em uma cena de Renascer. Neste Dia das Mães, a reverenda tenta usar sua visibilidade para tranquilizar outras pessoas que vivem dramas pelos quais ela já passou.

“Eu bato na tecla de que Deus não precisa me aceitar, porque ele já me fez assim”, discursa.

“Não foi uma escolha minha, eu não cheguei em um determinado momento da minha vida, apertei um botão e me tornei travesti. Nada disso! Deus me fez travesti, Deus me fez mulher! E está tudo bem, é normal, é legal. Eu acho que Deus olha hoje para a comunidade LGBTQIA+ e se surpreende: ‘Nem eu imaginei que vocês iam enfrentar tudo isso e chegar tão longe’. Porque nós estamos aqui, encontrando maneiras de sobreviver a esse clima de ódio que ainda assola o meio em que estamos no Brasil”, diz ela ao Notícias da TV.

A pastora admite que viveu experiências difíceis no passado, até se encontrar na Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), a primeira inclusiva e afirmativa da história.

“Cheguei lá depois de três tentativas de tirar a minha vida, quase morta, magoada, triste, sem ânimo para viver. E encontrei o inverso naquela comunidade: um acolhimento, uma escuta diferenciada, um abraço”, valoriza.

“Encontrei seguridade e uma igreja na qual eu não precisava mais me policiar, me preocupar com a minha roupa, com os pronomes que usariam para me tratar. Ao contrário. A igreja disse para mim: ‘Se você se sente mulher, se percebe mulher, é porque você é mulher. Então, a gente vai te ajudar a nascer de novo’. E eu nasci de novo, ganhei de Deus um novo nome, assim como Ele tinha feito com Paulo [apóstolo de Jesus]”, lembra Alexya.

Agora, a reverenda segue de exemplo para outras pessoas da comunidade LGBTQIA+ que não se sentem acolhidas em suas igrejas e buscam um espaço seguro para expressar sua . Para Alexya, ter esse papel é uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo.

“Ser referência é muito gratificante, é algo que eu nunca vou recusar”, começa ela.

“Mas entendo também o peso que isso tem na minha vida. Todo mundo pode errar, mas eu, como mulher e trans, não posso. Não posso escorregar, não posso ser incoerente. Meu casamento precisa ser perfeito, minha maternidade precisa ser perfeito, minha maternidade precisa ser perfeita. Ou seja, eu não posso ser humana. Mas eu sou humana, gente! Eu erro, falo bobeira, tenho minhas fobias internas. Tenho dado muito trabalho para os meus terapeutas para buscar esse lugar (risos).”

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