Ouricuri-PE – A segunda-feira (21) foi marcada por uma cena que ninguém em Ouricuri imaginava presenciar: o prefeito Ricardo Ramos e o prefeito eleito Victor Coelho, tio e sobrinho e históricos rivais políticos, sorrindo e abraçados durante a reunião de transição. A foto do encontro causou espanto – afinal, quem acompanhou as últimas eleições sabe que os dois passaram anos trocando farpas, acusações e, como muitos dizem, “tudo menos afeto”.
O evento, descrito oficialmente como uma “reunião para garantir a continuidade dos serviços públicos”, reuniu as equipes de transição para discutir pautas como saúde, educação e segurança. Com a narrativa repleta de palavras como “cooperação”, “harmonia” e “continuidade”, parecia que o clima bélico de outrora havia magicamente se dissolvido. Nas entrelinhas, porém, a população se pergunta: “Será que esse abraço foi sincero ou tinha gosto de limão azedo?”
Ricardo Ramos, com toda pompa de quem está prestes a deixar o cargo, fez questão de dizer que “oferecerá todo o conhecimento acumulado ao longo da gestão para facilitar a transição.” Nada mal para quem, até semanas atrás, deu seu apoio ao concorrente do “inexperiente” Victor Coelho e afirmava que a cidade estaria “em boas mãos” com Raimundo de Bibi para sua sucessão.
Já Victor, sereno como quem acaba de conquistar o trono, manteve um tom de diplomacia exemplar, ressaltando a importância da “transparência” e do “alinhamento de esforços” para o bem da população. A ironia disso não passou despercebida: até a semana passada, ele prometia “desfazer os desmandos” da gestão anterior e acabar o que chamou de “perseguição”. Parece que a rivalidade pode esperar – ao menos até a última selfie da transição.
Mas o ponto alto da reunião foi, sem dúvida, o abraços e sorrisos dos primos. Para quem cresceu ouvindo histórias das brigas familiares dos Coelho, ver Ricardo e Victor posando como bons amigos foi algo quase digno de novela. Como dizem por aí, nada une mais do que um bom espetáculo público – especialmente quando há câmeras envolvidas.
E assim, com uma foto emblemática e narrativas recheadas de boas intenções, a política de Ouricuri vira mais um capítulo inusitado. Resta saber se o abraço da transição representou um genuíno pacto de paz… ou apenas mais um ato na longa peça teatral da política sertaneja.
Por enquanto, o povo observa de camarote e pergunta: “Será que primos que se abraçam na transição permanecem amigos na gestão?”
Por Charles Araújo