AVENTURAS NA HISTÓRIA – No dia 10 de agosto de 1907, a cidade de Matinha de Água Branca, em Alagoas, conheceu um novo habitante. Com cabelos loiros, Cristino Gomes da Silva Cleto era um bebê encantador, que mal esperava por um destino tão violento.
Criado em uma fazenda, não era muito fã de cortesias e já mostrava certa agressividade na adolescência. Aos 17 anos, foi condenado pelo assassinato de um jovem que tentava proteger sua namorada do garoto loiro e invasivo.
Sentenciado a 15 anos de cadeia, o jovem fugiu do cárcere, em 1926. Vivendo à margem do Sertão, o desertor do exército conheceu Lampião. Uma vez cangaceiro, Cristino chegou a abandonar o grupo, mas retornou e seguiu o Capitão até o fim de sua vida.
Um subordinado irreverente
Dentro do bando de Lampião, Cristino passou a ser conhecido como Corisco e, por vezes, como Diabo Louro, devido ao seu gosto quase sádico por violência. Fiel ao Capitão, o cangaceiro ainda sentia que poderia ter seu próprio grupo.
Assim, com atitudes questionáveis, Corisco criou seu bando e passou a exercer seu tão desejado posto de liderança. Espalhando o medo pelo Sertão Nordestino, o Diabo Louro e seus companheiros deixavam um rastro de violência por onde passavam.
Foi em Belém de São Francisco, em Pernambuco, que o brutal e autoritário cangaceiro encontrou a mulher que ele queria ter para si. Em uma noite cortante e cruel, Corisco abordou e estuprou Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, com tamanha agressividade que a hemorragia no corpo da mulher quase levou à sua morte.
Uma esposa para chamar de sua
Impiedoso, Corisco agarrou Dadá após a agressão e a arrancou da fazenda dos pais. Sequestrada pelo bando do cangaceiro, a menina de apenas 13 anos não teve outra opção que não fosse viver junto de seu estuprador e fazer parte do grupo.
Juntos, o casal de cangaceiros passou a ser conhecido como um dos mais brutais do sertão, ficando atrás apenas do Rei e da Rainha, Lampião e sua esposa, Maria de Déa. Ainda assim, não era apenas de brutalidade que os dois viviam.
Histórias da época contam que Dadá mudou um pouco a forma de pensar de Corisco. Ele aprendeu a ser um pouco mais gentil e menos odioso. Em pouco tempo, a relação violenta e incômoda se tornou um caso de amor.
Um cangaceiro ciumento
Ainda que Dadá não fosse a mulher mais respeitada no cangaço — Maria de Déa tinha esse posto —, Corisco dava um jeito nos cabras que falassem por trás de sua esposa. E ele nem sempre era gentil como Dadá havia lhe ensinado.
Entre quatro paredes, todavia, Corisco era bastante fetuoso com sua esposa. Quando tinha tempo, entre as mudanças de acampamento, ele ensinava Dadá a ler, escrever, contar e atirar — regalias que muitas cangaceiras não tinham acesso.
O amor possessivo e enraizado entre Corisco e Dadá, então, gerou o primeiro dos frutos. Tão loiro quanto o pai, Josafá nasceu forte e saudável. Pelas leis do Sertão, o menino foi dado à um casal de fazendeiros para não viver a mesma vida nômade que seus pais.
A luxúria no cangaço
Apesar da companheira fixa, Corisco, assim como os outros cangaceiros, tinha suas noites em bordéis. Ele nunca chegou a manter relações com outras mulheres, já que a traição não era bem vista entre o bando, mas suas noites esparsas com prostitutas eram bastante comuns.
Quando decidia dormir com sua própria esposa, Corisco devia esperar que Dadá passasse por um ritual de limpeza, uma tradição do cangaço. Das relações sexuais com a cangaceira nasceram mais seis filhos, dos quais apenas dois sobreviveram e, assim como Josafá, foram adotados por outras famílias.
O lado violento de Corisco, entretanto, não impediu que Dadá flertasse com Lampião de vez em quando. Muito charmoso para os padrões da época, o Capitão chamava atenção até mesmo das mulheres mais fiéis. Noites de flerte e de trocas de carícias aconteceram, mas nunca ficou claro se os dois tiveram qualquer tipo de relação adúltera.
Foi apenas dois anos depois da morte de Lampião que Corisco deu seu último suspiro. Ao lado de Dadá — que sobreviveu e teve sua perna direita amputada — ele foi alvejado em um ataque surpresa orquestrado por Zé Rufino, em maio de 1940.
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